Pouco depois de seu governo negociar uma trégua na guerra tarifária com a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, volta agora seus canhões para a Europa.
Nesta 4ª feira (22.jan.2020), o líder da Casa Branca ameaçou impor tarifas devastadoras sobre os automóveis europeus para forçar a União Europeia a ceder nas negociações sobre um acordo comercial transatlântico. Anteriormente, Trump havia prometido aumentar as tarifas sobre as importações dos veículos fabricados na UE, mas acabou adiando a decisão.
Trump se reuniu com a nova chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, onde teria reforçado a posição americana de diminuir as desvantagens comerciais de seu país em relação ao bloco europeu.
“Encontrei a nova chefe da Comissão Europeia que, por sinal, é fantástica. Tive uma ótima conversa. Mas, eu disse, ‘veja bem, se nós não obtivermos algo, vou ter que tomar uma atitude’ e essa atitude será através de tarifas muito altas sobre os carros deles e outras coisas que entram em nosso país”, disse Trump em entrevista à emissora americana CNBC, em Davos.
“É mais difícil negociar com a União Europeia que com qualquer outro. Há muitos anos eles vêm obtendo vantagens sobre o nosso país”, afirmou à Fox Business Network. “No final, vai acabar sendo fácil, porque se não conseguirmos um acordo, teremos que colocar 25% nas tarifas sobre os automóveis deles”, acrescentou.
“Para ser honesto, eu queria esperar até encerrar [as negociações] com a China”, disse Trump. “Não queria ir contra a China e a Europa ao mesmo tempo.”
O relato do presidente contrasta com a narrativa de Von der Leyen sobre a conversa entre ambos. Ela disse que teve um diálogo positivo com o americano e demonstrou otimismo sobre a perspectiva de chegar a um acordo nas áreas de comércio, tecnologia e energia.
“Esperamos em poucas semanas chegar a um acordo que ambos possamos assinar”, disse a chefe do Executivo da UE.
A embaixadora da Alemanha nos Estados Unidos, Emily Haber, disse em Washington que a UE é tão forte economicamente quanto os EUA, e que se Trump confirmar o aumento das tarifas de importação, o bloco europeu responderá na mesma medida.
Um possível aumento das tarifas de importação nos EUA resultaria em um aumento exponencial nos preços dos automóveis europeus no mercado americano, atingindo com força marcas mais sofisticadas como as alemãs BMW e Audi.
Os mercados de ações na Europa parecem ter sentido os efeitos da ameaça de Trump. Nesta 4ª feira (22.jan.2020), as bolsas de Londres, Frankfurt e Paris fecharam em baixa.
Trump retornou a Washington nesta 4ª feira (22.jan.2020), em meio ao julgamento no Senado americano do processo de impeachment movido pela oposição democrata.
Fonte: Deutsche Welle