DeepSeek desvaloriza ações das grandes empresas de tecnologia
Mal começou o governo de Donald Trump e a China ganhou o primeiro round. O aplicativo chinês de inteligência artificial DeepSeek provocou um terremoto no mercado de ações dos Estados Unidos e atingiu o coração das grandes corporações de tecnologia. Em um só dia, as ações da Nvidia tiveram uma queda de 600 bilhões de dólares. Outras bigtechs também se desvalorizaram com o surpreendente aparecimento desse aplicativo de inteligência artificial generativa que é bem mais completo e, o mais importante, totalmente gratuito.
O tsunami DeepSeek tem relação com a forte competição entre os Estados Unidos e a China pela liderança mundial no mundo da tecnologia. Desde que assumiu, Donald Trump tem dado grande destaque às empresas do setor prometendo investimentos bilionários. Ele sabe que a China não está brincando. O país asiático detém ampla liderança entre as 44 tecnologias-chave existentes no mundo e a ameaça norte-americana de impor tarifas a Taiwan, principal fabricante de semicondutores, caso aquele país não aceite transferir tecnologia para os Estados Unidos, pode ser um tremendo tiro no pé.
A geopolítica e a complexidade do jogo entre as duas superpotências são temas desta entrevista exclusiva do professor de Relações Internacionais da PUC-MG, Javier Vadell, que também é coordenador naquela instituição do curso “China Contemporânea”. Ele aponta as diferenças entre a forma de investimento entre os dois países hegemônicos. Enquanto nos Estados Unidos a ideia é facilitar investimentos do governo nas grandes empresas de tecnologia sem uma contrapartida estratégica, a China coloca em prática uma diretriz estatal de longo prazo que conta com a participação da iniciativa privada, mas sem que esta determine livremente o caminho a seguir.
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Biografia
JAVIER VADELL é professor do Departamento de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde coordena o curso de especialização em China Contemporânea.
Doutor pela Universidade de Campinas, a UNICAMP, é pesquisador do Grupo de Trabalho “China e o Mapa do Poder Mundial”, da Conferência Latino-americana e Caribenha de Ciências Sociais, a CLACSO, e do Conselho Nacional Científico e Tecnológico, CNPq.
