O ano de 2024 chegou ao fim deixando um rastro de incertezas, mas também momentos de resistência e superação. A Terra enfrentou uma crise climática sem precedentes, com temperaturas recordes e desastres naturais devastadores, refletindo os impactos de uma relação desequilibrada entre a humanidade e a natureza. No Brasil, o Rio Grande do Sul foi palco da pior tragédia de sua história recente, com chuvas torrenciais que causaram a morte de 273 pessoas e destruíram cidades inteiras. A recuperação custará bilhões de reais, mas as imagens de destruição também servem como um alerta para a urgência de políticas ambientais eficazes.
Em paralelo, o país conviveu com o aumento da violência, com confrontos entre facções criminosas e as forças policiais. A sensação de insegurança tornou-se uma constante nas principais cidades brasileiras, enquanto a desigualdade social e a crise econômica continuavam a apertar o bolso do cidadão comum. O Brasil, apesar de registrar o menor índice de desemprego em anos, viu os preços dispararem, criando um abismo entre os números macroeconômicos e a realidade vivida pelos brasileiros.
2024 também foi um ano de despedidas marcantes, que ecoaram na memória coletiva do país. Silvio Santos, o icônico apresentador e empresário, nos deixou, encerrando uma era na televisão brasileira. O ex-pugilista Maguila, figura carismática e exemplo de resiliência, partiu, deixando uma história de lutas dentro e fora dos ringues. Ney Latorraca, mestre dos palcos e das telas, despediu-se dos fãs que o acompanharam em décadas de brilhantes interpretações. Ziraldo, criador do inesquecível Menino Maluquinho, também nos deixou, levando com ele uma parte da infância de gerações inteiras. E Zagallo, o eterno “Velho Lobo”, foi brilhar em outra dimensão, deixando como legado sua paixão inabalável pelo futebol brasileiro. Além disso, 2024 marcou trinta anos sem Ayrton Senna, nosso eterno herói mundial, cuja ausência ainda ressoa como uma inspiração para acreditar em dias melhores.
O cenário internacional também não foi o mais otimista. A guerra entre Rússia e Ucrânia seguiu sem solução, aumentando a instabilidade no Leste Europeu, enquanto o Oriente Médio continuava em ebulição com conflitos entre Israel e Palestina e a escalada da violência na Síria. O ano também foi marcado pela ascensão de líderes políticos extremistas como Donald Trump, que voltou à presidência dos Estados Unidos com uma retórica ainda mais agressiva. A persistente instabilidade política em várias partes do mundo dificulta a busca por soluções diplomáticas.
Em meio ao caos, tivemos alguns sinais de alegria. A jovem ginasta Rebeca Andrade, da periferia de Guarulhos, conquistou o mundo com sua graça e talento nas Olimpíadas, tornando-se um símbolo de superação e determinação para milhões de brasileiros. No futebol, o Botafogo fez história, conquistando dois títulos importantes em uma semana: o Campeonato Brasileiro e a Libertadores, embora o sonho de um Mundial tenha sido frustrado por uma derrota inesperada.
A instabilidade econômica e política no Brasil continua a ser um enigma, com o governo federal em um impasse constante com o mercado e o Congresso, num clima de desconfiança entre as instituições. A tentativa frustrada de golpe no país e a polarização crescente nas eleições municipais também são reflexos de um período de intensas divisões internas no Brasil e no mundo.
Enquanto a violência, a crise econômica e a instabilidade global dominaram o ano, 2024 também mostrou que, mesmo nas adversidades, o Brasil e o mundo continuam a encontrar formas de resistir e avançar. O legado de 2024 será, sem dúvida, o de um ano de intensos desafios, mas também de breves momentos de conquista e esperança.
O que nos espera em 2025? Só o tempo dirá.