A sonda OSIRIS-REx, da Nasa, acaba de tocar a superfície do asteroide Bennu com seu braço robótico, para coletar uma inédita amostra de solo. Se bem-sucedida, a missão chegará a Terra em 2023, trazendo partículas para serem estudadas.
Tudo correu como o planejado pela agência espacial, mas a equipe ainda precisa analisar os dados para confirmar se a amostra é viável, com pelo menos 60 gramas, até 2 quilos. Isso deve ser medido até sábado. Amanhã, a Nasa divulga, em seu site, as imagens captadas pelas câmeras da sonda.
O evento, batizado de Touch-and-Go, ou apenas TAG, era o ponto alto da missão. A aproximação foi transmitida ao vivo pela Nasa.
Este tipo de coleta requer uma manobra desafiadora e inédita. É a primeira vez que a agência retira um pedaço de um asteroide em movimento. A OSIRIS-REx parece um pequeno caminhão, e realizou a manobra em uma zona chamada Nightingale, dentro de uma cratera do tamanho de uma quadra esportiva, com bordas altas como prédios.
O procedimento inteiro levou cerca de quatro horas e meia. Primeiro, a sonda acionou seus motores para sair de sua órbita ao redor do Bennu, chegou perto o bastante para esticar seu braço e tocá-lo. Seus painéis solares se dobraram em um formato de Y, acima da nave, para proteção.
Uma garrafa de nitrogênio pressurizado foi disparada contra o asteroide, para levantar material da superfície, que —se tudo deu certo— foi coletado por uma “cabeça” na ponta do braço robótico de 3,5 metros de comprimento.
Essa cabeça, que funciona como uma espécie de filtro de ar, foi a única parte da sonda a tocar o Bennu. Ela também contém pequenos discos aderentes, como adesivos, para coletar poeira extra.
A cerca de 330 milhões de quilômetros da Terra, há um atraso na comunicação com a nave: leva cerca de 18,5 minutos para uma mensagem chegar ou ser enviada para a equipe da Nasa. Por isso, os comandos foram dados horas antes, e a coleta foi realizada de forma autônoma. Ela durou apenas 16 segundos.
Os motores, então, foram acionados novamente para levar a sonda de volta a uma distância segura.
Se a coleta tiver sido bem-sucedida, a OSIRIS-REx iniciará sua longa viagem de volta à Terra nos próximos meses, chegando por aqui em 2023. Se não, uma nova tentativa será realizada em janeiro, em outro ponto, chamado Osprey.
Bennu, “o asteroide do fim do mundo”
O Bennu é um asteroide ativo que, eventualmente, poderá se chocar com nosso planeta. Com 525 metros de diâmetro, é uma espécie de “pilha de entulho”: rochas agrupadas e mantidas juntas pela força da gravidade.
Ele foi escolhido para a missão devido a semelhanças com outros asteroides e cometas potencialmente perigosos, chamados “Near-Earth Objects” (NEOs), ou objetos próximos à Terra. Ele também é atrativo para exploração humana, rico em moléculas orgânicas e água – que até poderia ser mineirada.
Com o estudo da amostra, poderemos conhecer mais não apenas sobre o Bennu, mas sobre a formação dos planetas e do surgimento da vida. A história do Sistema Solar contida em uma pedra de bilhões de anos de idade.
A sonda OSIRIS-REx foi lançada em setembro de 2016 e entrou na órbita de Bennu em dezembro de 2018. Desde então, tem registrado diversos dados e imagens do asteroide.
Informações de UOL.