O presidente da República, Jair Bolsonaro, vai participar da cúpula sobre o clima organizada pelo governo dos Estados Unidos, que será realizada de modo virtual em 22 de abril, Dia da Terra, e 23 de abril. A presença de Bolsonaro foi confirmada ao GLOBO neste sábado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
— Ele (Bolsonaro) vai participar, sim — disse Sallles.
O convite a Bolsonaro e mais 39 chefes de Estados foi oficializado na sexta-feira pelo presidente americano Joe Biden, o anfitrião da reunião. Entre os convidados estão os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, da Colômbia, Iván Duque, e do Chile, Sebastián Piñera, além de Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China.
O encontro ocorrerá em momento delicado do governo brasileiro, bombardeado pelo Congresso por críticas à política externa. Tanto a cúpula da Câmara como a do Senado querem a demissão do chanceler Ernesto Araújo.
Desde que foi eleito, Bolsonaro faz críticas a ações de governos e organismos internacionais que se empenham no combate às mudanças climáticas.
O presidente do Brasil chegou a ameaçar abandonar o Acordo de Paris para o clima, mas permaneceu após forte reação.
Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden vem reafirmando a importância de políticas voltadas para a preservação do meio ambiente e para uma transição econômica dita verde, que reduza a emissão de gases causadores do efeito estufa. Uma de suas primeiras medidas foi levar os EUA de volta ao Acordo de Paris, do qual Donald Trump havia retirado o país.
Com a cúpula, Biden tenta pôr os EUA na liderança global desse debate. Numa carta enviada a Bolsonaro em fevereiro, em resposta a outra do brasileiro cumprimentando-o pela eleição, ele cobrou do Brasil metas mais ambiciosas na área climática e ambiental.
O governo brasileiro, que apoiou abertamente a reeleição de Trump, tenta agora uma reaproximação, argumentando que possui políticas para o combate ao desmatamento e a preservação da Amazônia.