Dólar bate R$ 5 na abertura; esta é a terceira vez que o circuit breaker é acionado na semana
Pouco tempo depois de a Bolsa brasileira abrir, o mecanismo de circuit breaker, que ajuda a deter perdas maiores dos investidores, foi acionado.
O mecanismo é utilizado quando a Bolsa cai 10% e os negócios são interrompidos por 30 minutos.
Este já é o terceiro circuit breaker da semana, reflexo da piora da percepção dos danos que serão causados pelo coronavírus sobre a economia global.
Com o tombo, o índice é cotado ao redor de 75 mil pontos, no menor patamar desde setembro de 2018, período em que o país vivia a corrida eleitoral que elegeu Jair Bolsonaro presidente.
O novo gatilho de queda é a decisão do presidente americano, Donald Trump, de restringir voos entre Europa e Estados Unidos sob o pretexto de limitar a disseminação da doença entre americanos.
A consequência mais imediata da medida é uma nova queda no preço do petróleo, visto que a demanda das companhias aéreas pelo combustível deve cair. O petróleo foi o catalisador das perdas desta semana depois que a tentativa da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de combinar uma redução da produção. A Rússia, que não integra o bloco, não fechou acordo e, em resposta, a Arábia Saudita afirmou que aumentaria a oferta do combustível e reduziria o preço.
Há pouco, o Brent (referência internacional da matéria-prima) caía mais de 6%, cotado a US$ 33,61.
A Bolsa de Nova York também acionou o circuit breaker na abertura, quando o índice S&P 500 caiu mais de 7%.
Mas não apenas fatores externos afetam os indicadores brasileiros.
Na noite de quarta-feira (11) o Congresso derrubou um veto do presidente Jair Bolsonaro e ampliou o número de famílias atendidas pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a quem está em situação de extrema pobreza.
A medida aumenta o gasto do governo em R$ 20 bilhões por ano e coloca em xeque a sustentabilidade o teto de gastos.
O teto é considerado essencial pelo mercado financeiro para deter a trajetória de endividamento do governo.
Nesta quinta, o CDS (Credit Defautl Swap), medida acompanhada pelo mercado financeiro para avaliar a capacidade de um país honrar suas dívidas, salta mais de 40% e supera os 300 pontos. É o maior patamar desde novembro de 2016, quando o Brasil tinha acabado de atravessar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em 1997, países do Sudeste e Nordeste asiático enfrentaram crise financeira que interrompeu o crescimento econômico e se estendeu ao plano político, com a queda de governos. Ao todo foram três vezes que o circuit breaker foi acionado. Nos anos seguintes, contaminou outros países emergentes, como Rússia, Brasil e Argentina, tornando-se a primeira crise da era das finanças globais. O fenômeno foi disparado por processo de fuga de capital e deflação de ativos financeiros das economias da região Mladen Antonov/AFPLeia Mais
No exterior, o CDS do Chile sobe 20%, enquanto o da Turquia salta percentual equivalente ao brasileiro, cerca de 40%.
O mercado de juros futuros também mostra aumento da percepção de risco do mercado brasileiro e aponta alta nos juros brasileiros, em vez de queda. A alta desta quinta foi tão acentuada que também foi acionado o mecanismo de suspensão dos negócios.
O dólar chegou a abrir acima de R$ 5, mas desacelerou a alta e passou a ser cotado ao redor de R$ 4,90. Há pouco, avançava cerca de 4%, rondando os R$ 4,92.
Para conter a moeda, o Banco Central ofereceu US$ 2,5 bilhões das reservas, mas houve demanda para apenas US$ 1,28 bilhão neste começo de pregão.