A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal do Brasil. Diz o artigo nº 220: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.”
No entanto, essa liberdade deve vir acompanhada de responsabilidade, especialmente quando envolve a divulgação de informações que possam prejudicar a honra e a imagem de indivíduos ou instituições.
Apesar disso, a manipulação de informações pela mídia, especialmente em áreas sensíveis como a política e a economia, tem se tornado um problema crescente. Embora o direito à livre expressão seja garantido, a forma como os meios de comunicação conduzem certos debates muitas vezes leva à distorção da realidade, favorecendo interesses específicos. E não falamos aqui das redes sociais e das famosas fakenews.
O jornalismo político, por exemplo, frequentemente é acusado de favorecer ou atacar políticos conforme a vontade de seus donos.
Entretanto, é na cobertura econômica que as manipulações mais evidentes acontecem, afetando diretamente a opinião pública e as decisões do dia a dia dos cidadãos. Esse fenômeno é especialmente visível quando se observa o tratamento dado às questões fiscais e à dívida pública.
Especialistas em economia, em particular, têm grande influência na formação da opinião pública. Normalmente, eles são ligados a grandes bancos e fundos de investimento. Muitos jornalistas econômicos ouvem passivamente as informações e acabam reproduzindo uma visão única que ignora outros pensamentos que poderiam enriquecer o debate.
Um exemplo claro dessa manipulação está na forma como os jornalistas econômicos lidam com a dívida pública brasileira. Em 2023 a dívida pública federal atingiu cerca de 6,52 trilhões de reais. Considerando esse montante, R$ 614,55 bilhões em juros foram pagos. Os lucros com juros vão para os investidores e diminuem os investimentos sociais e de infraestrutura. O orçamento total do governo federal em 2023 ficou em 5,2 trilhões de reais, ou seja, inferior ao próprio montante da dívida pública. Para efeito de comparação, o orçamento total de 2024 é de 5,5 trilhões de reais. Como se fosse um mantra sagrado, a exigência é sempre a mesma. O governo precisa cortar gastos para equilibrar o orçamento e não aumentar a dívida pública, que hoje alcança 78,5% do PIB. Não dizem, porém, que no Japão essa porcentagem é de 260%, na Itália 150% e nos Estados Unidos 99%.
Apesar disso, a mídia raramente questiona se é justo ou não o pagamento desse volume de juros e amortizações. Muito menos explicam como se faz o financiamento do governo por meio dos títulos públicos. Em vez disso, jornalistas reforçam a ideia de que o governo precisa cortar gastos para equilibrar o orçamento, sem uma discussão mais profunda sobre as implicações desse corte para a população.
A manipulação da informação sobre a dívida pública é um exemplo claro de como a imprensa pode moldar a opinião pública a favor de determinados interesses. Além disso, há uma omissão de comparações internacionais importantes. Por exemplo, a dívida pública brasileira é frequentemente tratada como um grande problema.
Essa visão limitada do jornalismo econômico contribui para a manutenção de uma narrativa única, que faz com que o público aceite, sem questionamentos, que a rigidez fiscal seja a única solução viável.
A economista Maria da Conceição Tavares afirmou que “Ninguém come PIB, come alimentos” criticando a maneira como as políticas econômicas frequentemente desconsideram as necessidades da população mais vulnerável.
O problema é que ao focar apenas nos números macroeconômicos e ignorar a realidade cotidiana das pessoas, muitos jornalistas econômicos acabam impedindo a compreensão do público sobre a economia. Para que a sociedade brasileira não continue refém de uma visão econômica única, é fundamental que o jornalismo abra espaço para uma maior diversidade de fontes, opiniões e questionamentos.
Portanto, a manipulação da opinião pública pela imprensa, especialmente nas questões econômicas, continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pela democracia brasileira. Para fortalecer a liberdade de expressão e garantir um debate público saudável, é essencial que o jornalismo se comprometa com a diversidade de ideias e ofereça aos cidadãos as ferramentas necessárias para formar uma opinião mais crítica e informada. Este é o papel do nosso canal O Planeta Azul.
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