Em pronunciamento na madrugada desta quarta-feira (4), o presidente Donald Trump afirmou que, por direito, ganhou a eleição e irá recorrer à Suprema Corte para impedir uma “fraude”. Ele fez a afirmação mesmo estando parcialmente atrás de Joe Biden nas projeções de delegados no colégio eleitoral.
O republicano também disse querer “que todas as votações parem”, apesar de a votação ter acabado na noite de terça-feira (3). O que acontece agora é a contagem dos votos pelo país — e, dada a quantidade recorde de participação pelo correio, não tem data definida para acabar. Nenhum estado contará os votos que foram postados após esta terça-feira (3).
“De repente, eu disse: o que aconteceu com a eleição? […] Eles sabiam que não podiam ganhar, então disseram ‘vamos ao tribunal’. Queremos que a lei seja usada de maneira adequada, por isso iremos ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Queremos que todas as votações parem. Não queremos que eles encontrem cédulas às quatro da manhã e as adicionem à lista”, disse.
“Isso é uma fraude para o povo americano. Isso é uma vergonha para o nosso país. Estávamos nos preparando para vencer esta eleição. Por direito, vencemos esta eleição. Iremos para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Queremos que todas as votações parem”, completou o presidente.
Campanha de Biden chama fala de ‘ultrajante’
A campanha de Joe Biden chamou a declaração de Trump da madrugada desta quarta de “ultrajante, sem precedentes e incorreta”. “Se o presidente cumprir sua ameaça de ir à Corte para tentar evitar a tabulação correta de votos, nós temos equipes jurídicas prontas para se mobilizar para resistir a esse esforço”, disse a gerente da campanha de Biden, Jen O’Malley Dillon, em comunicado.
Em discurso, também na madrugada, Biden já havia afirmado que “a eleição não acaba até que todos os votos sejam contados”.
O discurso de Trump da madrugada desta quarta cumpre o que havia sido previsto em reportagem no site Axios, no domingo, que adiantava que o presidente poderia declarar sua vitória e contestar os votos recebidos por correio e ainda não contados na noite da eleição. Ele negou que faria isso e Biden, ao saber da possível manobra, afirmou: “Trump não irá roubar esta eleição”.
Trump não disse que argumento usará
Ao discursar, Trump não detalhou exatamente qual seria seu argumento para entrar com ação na Suprema Corte. Ele elencou estados onde teve boa votação e agradeceu. Depois, disse que venceria em estados como a Pensilvânia, que está indefinida, e partiu para declarar que ocorreria uma fraude.
“Milhões e milhões de pessoas votaram em mim. Mas um triste grupo está tentando tirar os direitos dessas pessoas. Estávamos nos preparando para uma grande festa. Vamos vencer tudo”, disse. “Um recorde, números nunca vistos. Veja a Flórida, ganhamos por muito. Também está claro que ganhamos a Geórgia. Eles não podem nos alcançar”, afirmou.
Trump disse ainda que o estado do Arizona não está decidido. “E nós nem precisamos dele”, afirmou. Pouco depois, Biden foi declarado vencedor naquele estado.
“Mas mais importante, estamos ganhando a Pensilvânia por uma tremenda vantagem. Estamos com mais de 600 mil votos de vantagem – isso não é nem perto. Será quase impossível nos alcançar. E estamos ganhando Michigan. Eu vejo os números, é muito. Ganhamos estados e de repente, o que aconteceu com a eleição?”, questionou.
Pensilvânia
A Pensilvânia é considerada um dos estados chave para esta eleição justamente por causa do grande número de votos enviados pelo correio, uma modalidade na qual os democratas tiveram uma quantidade muito maior de adeptos este ano.
Graças a uma autorização concedida pela Suprema Corte, aqueles que foram enviados até a data limite de terça-feira (3) — dia da eleição — poderão ser contados até a sexta-feira (6). Isso deve fazer com que os resultados no estado demorem mais do que o normal a serem conhecidos.
Embora Trump apareça na frente no início da apuração na Pensilvânia, a expectativa é de que o quadro seja revertido a favor de Biden, que liderava pesquisas, quando os votos por correio foram computados.
Informações de G1.