Telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês, para European Southern Observatory) em Garching, na Alemanha, registraram o momento em que uma estrela é “espaguetificada” ao ser engolida por um buraco negro supermassivo.
A pesquisa com a observação foi publicada na segunda-feira (12) no “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.
O termo “espaguetificação” não é uma metáfora: um buraco negro é um lugar no espaço onde a gravidade é tão forte que nem a luz consegue escapar dela. Qualquer objeto que entra em um deles é esmagado até parecer um espaguete, por causa do chamado “evento de ruptura de maré”.
“A ideia de um buraco negro ‘sugando’ uma estrela próxima parece saída da ficção científica. Mas é exatamente o que acontece num evento de ruptura de marés”, explicou o pesquisador Matt Nicholl, professor na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e primeiro autor do estudo.
O evento foi o mais próximo (ou o menos longínquo) da Terra já registrado: a 215 milhões de anos-luz do nosso planeta, explicou Thomas Wevers, outro autor do estudo e bolsista do ESO em Santiago que trabalhava no Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge quando participou da pesquisa.
“Quando uma estrela azarada se aproxima demais de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia, a extrema atração gravitacional exercida pelo buraco negro desfaz a estrela em finas correntes de matéria”, afirmou Wevers.
Quando alguns desses finos fios de material estelar caem no buraco negro durante o processo de espaguetificação, um clarão brilhante de energia é liberado – o que pode ser detectado pelos astrônomos.
“Descobrimos que, quando um buraco negro devora uma estrela, pode lançar uma poderosa explosão de material para o exterior, que obstrui nossa visão,” afirmou Samantha Oates, também da Universidade de Birmingham.
Essa explosão de material criava uma cortina de poeira que dificultava a visão do clarão de luz. Dessa vez, os cientistas conseguiram enxergá-lo porque acompanharam o evento de ruptura de marés desde “cedo”. Eles observaram o fenômeno por 6 meses.
Prêmio Nobel
Nobel de Física vai para trio de cientistas por descobertas sobre buracos negros
Neste ano, pesquisas sobre buracos negros foram premiadas com o Nobel de Física. Os cientistas Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez dividiram o prêmio, de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).
Penrose, professor da Universidade de Oxford, previu matematicamente que a teoria geral da relatividade levava à formação de buracos negros.
Já Genzel e Ghez deduziram a existência, observando o espaço, de um objeto compacto supermassivo no centro de nossa galáxia. Um buraco negro supermassivo é, hoje, a única explicação conhecida para isso.
Genzel é afiliado ao Instituto Max Planck para Física Extraterrestre – que, assim como o ESO, fica em Garching – e à Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Ghez leciona na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA); a cientista é a quarta mulher a ganhar um Nobel em Física na história do prêmio (desde 1901).
Informações de G1.