Singapura havia recebido elogios por ter conseguido conter a propagação do novo coronavírus em seu território. Mas, a partir desta terça-feira (7), a cidade-estado entrará em bloqueio total por um mês, após um aumento nos casos da Covid-19.
Apenas as empresas que prestam serviços essenciais, como assistência médica, alimentos e serviços públicos, funcionarão no próximo mês. Escolas e universidades também serão fechadas e funcionarão online a partir de quarta (8).
Restaurantes e bares receberam a mensagem clara de que, se não pudessem aderir às regras de distanciamento social, seriam fechados compulsoriamente.
De acordo com a universidade americana Johns Hopkins, Singapura registra até esta terça (7), 1.375 casos e seis mortes. No sábado (4), a cidade-estado registrou 120 novos casos, seu recorde diário desde o início da pandemia.
Desde que o surto que começou em Wuhan, na China, se tornou uma pandemia, escolas e empresas em Singapura estavam abertas, mas participavam de uma campanha de conscientização pública sobre distanciamento social considerada altamente bem-sucedida.
Mas uma segunda onda de infecções de transmissões locais e de residentes que retornaram a Singapura registrou um aumento de dez vezes em novos casos nas últimas semanas.
O aumento no número de casos levou o primeiro-ministro Lee Hsien Loong a admitir que as medidas de contenção do novo coronavírus não eram suficientes. “São notícias preocupantes, mas já esperávamos essa possibilidade”, disse ele em um post no Facebook no domingo.
Em um mesmo dia, quase 20 mil homens estrangeiros em dois dormitórios de trabalhadores migrantes foram isolados por 14 dias após um surto repentino. Dos 120 novos casos registrados no sábado, apenas quatro foram importados, de acordo com o The Straits Times, jornal de Singapura.
Em Singapura, cadeiras são marcadas com fitas vermelhas pelas autoridades, que determinaram o distanciamento social; o país, que teve os seus primeiros casos em janeiro, mantêm a epidemia controlada com 345 casos do novo coronavírus.
O êxito inicial da Ásia em lidar com a pandemia parece se dar não só porque a região foi a primeira a ser atingida, mas por um tripé formado pela cultura de valorização do coletivo sobre o indivíduo, estruturas avançadas de monitoramento de doentes e uso de inteligência artificial para detectar casos suspeitos.
O continente asiático, de maneira geral, tem tido sucesso em enfrentar o primeiro momento da pandemia, porém, agora se equilibra em corda bamba, e vários países da região tem tomado medidas para conter uma segunda onda de contaminação.
Além do bloqueio anunciado por SIngapura, a Coreia do Sul ampliou por duas semanas as medidas de distanciamento social e impôs recentemente uma quarentena obrigatória para estrangeiros, que devem permanecerem em instalações do governo por 14 dias após desembarcarem.
A ideia da quarentena é evitar a reintrodução do coronavírus em regiões que, aparentemente, controlaram o pior momento do surto.
Singapura e Coreia do Sul têm, por enquanto, algumas das menores taxas de letalidade por coronavírus no mundo, de 0,07% e 1,69%, respectivamente.
Informações de Folha de São Paulo.