O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira 24 que todo o estado adotará um toque de recolher entre as 23h e as 5h, na tentativa de conter a disseminação do novo coronavírus. A recomendação partiu do Centro de Contingência da Covid-19 e será válida entre 26 de fevereiro e 14 de março.
A medida é adotada em um momento de preocupante ascensão no número de casos e óbitos por Covid-19 e na ocupação de leitos de UTI.
O foco da fiscalização será nas aglomerações de pequenos grupos, e não deve interromper “um trabalhador voltando para a casa” neste horário, como foi exemplificado pelos membros do governo de São Paulo.
Indivíduos que participarem de festas e aglomerações não serão multados, apenas os organizadores dos eventos. Os cidadãos podem denunciar casos de aglomeração pelo Disque-Denúncia (0800-771-3541).
Como a maior parte do estado está sob restrições das fases laranja e vermelha do Plano São Paulo, com algumas regiões na fase amarela, os estabelecimentos não-essenciais já precisam fechar às 20h ou 22h. A regra não muda, assim como não há alterações na disponibilidade e transporte público, apenas maior controle.
“Não temos nenhuma satisfação de aplicar uma medida como essa, mas temos a necessidade de aplicá-la para proteger vidas. Sem vidas, não há consumo. Mortos não consomem, penalizam famílias”, declarou o governador João Doria ao dar a notícia.
Nesta quarta, o estado registra 6.657 pacientes nas UTIs, terceiro dia consecutivo de aumentos em relação à marca histórica de julho de 2020, quando 6.267 pessoas estavam internadas na terapia intensiva. “Nesses últimos 3 dias, 100 pessoas diariamente foram admitidas nas UTIs.”, informou o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn.
Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, afirmou que a restrição “evita tanto grandes aglomerações quanto aquelas reuniões com 10, 20 pessoas, que parecem inofensivas, que vão até mais tarde, onde ocorre grande transmissão do vírus.”
O diretor executivo do Procon, Fernando Capez, afirmou que estabelecimentos que burlarem as regras de funcionamento poderão sofrer sanções devido à “prática abusiva de prestar serviço potencialmente perigoso à saúde”.
Antes mesmo do anúncio da gestão Doria, cidades do interior paulista impuseram ações para restringir a circulação de pessoas.
Campinas implantou na terça-feira 23 a fase vermelha, a mais restritiva do plano estadual de enfrentamento à pandemia, entre as 21h e as 5h. Araraquara, que teme a propagação de variantes do coronavírus, endureceu o lockdown até a noite da última terça, 23.
De acordo com a última atualização do Plano São Paulo, apenas quatro regiões do estado estão na fase vermelha, durante a qual apenas serviços essenciais estão autorizados a funcionar: Araraquara, Bauru, Barretos e Presidente Prudente. A Grande São Paulo, inclusive a capital, está na fase amarela, a segunda com mais restrições.