O rabino Henry Sobel, 75, morreu na manhã desta sexta (22/11) em Miami, nos EUA, onde vivia e se tratava de um câncer o pulmão. Ele será sepultado no domingo, em Nova York. A informação foi confirmada pelo rabino Michel Schlesinger, que sucedeu Sobel à frente da Congregação Israelita Paulista (CIP).
Sobel já havia feito uma cirurgia para a retirada do tumor há alguns anos e chegou a retirar uma parte do pulmão. porém o câncer voltou. Ele passou também por um tratamento de quimioterapia. “Lutou bastante mas cada vez que eu o encontrava ele estava cada vez mais debilitado”, afirma o rabino Schlesinger.
Sobel teve um papel relevante no período final da ditadura militar no Brasil. Em 1975, ele se recusou a fazer o enterro do jornalista Vladimir Herzog, que foi assassinado pela ditadura, na ala dos suicidas do cemitério israelita do Butantã. Com isso, acabou denunciando a farsa da versão oficial para a morte de Herzog, cujo corpo apresentava sinais de tortura.
Ao se despedir do Brasil, em 2013, numa cerimônia que contou com líderes de diversas religiões, Sobel fez uma reconstituição detalhada da semana da morte de Herzog. Entre outros fatos, ele se lembrou do instante em que recebeu um telefonema no Rio avisando sobre a morte de Herzog e recebendo o convite para participar do ato político-religioso da Sé que reuniu milhares de pessoas.
Disse que sentiu muito medo quando, dois dias antes da celebração, recebeu a visita de três generais fardados que pediram para ele não comparecer. Mas ele compareceu assim mesmo, desafiando o regime militar.
Em 2007, Sobel ficou marcado pelo furto de quatro gravatas de grife (Louis Vuitton, Armani, Giorgio’s e Gucci) na Flórida. Na época, o rabino atribuiu o delito a uma confusão mental provocada por uso de medicamentos. Pagou uma fiança de US$ 3.680 após passar uma noite preso.