Polícia de Hong Kong dispara pela primeira vez em um manifestante nos protestos contra Pequim

As ruas do território autônomo se convertem em um campo de batalha horas depois do grande desfile militar que comemorou os 70 anos do regime comunista chinês

Os protestos pró-democracia em Hong Kong, iniciados há quatro meses, registraram nesta terça-feira uma nova escalada de tensão depois de a polícia disparar com arma de fogo contra um dos manifestantes. O ferido a bala, atingido no peito, foi levado ao hospital, onde fontes indicaram que chegaram pelo menos 15 feridos. As novas mobilizações no território autônomo da China ocorreram horas depois de um grande desfile em Pequim comemorar os 70 anos do regime comunista chinês, uma celebração que na antiga colônia britânica é vista por muitos como um dia de “luto nacional”.

O protesto, pacífico na maior parte do tempo, acabou em confrontos entre manifestantes radicais e agentes da polícia, que recorreram, novamente, ao lançamento de gás lacrimogêneo e de spray de pimenta. Ainda não há mais detalhes sobre o estado de saúde dos feridos.

Mobilizados desde junho, os ativistas pró-democracia aproveitaram as celebrações do aniversário do regime comunista para manifestar novamente seu ressentimento com o regime de Pequim. Eles denunciam a perda de liberdade neste território chinês e a violação, segundo eles, do princípio de um país, dois sistemas, segundo o qual Hong Kong, ao contrário do continente, desfrutaria de um regime de “direitos e liberdades (…) garantido por lei” e equiparáveis a qualquer democracia ocidental. Não há dirigentes claramente identificados e os protestos são organizados através das redes sociais.

Apesar da proibição de atos imposta pelas autoridades e das advertências à população para evitar “reuniões ilegais”, os manifestantes se reuniram nesta terça em Causeway Bay. Este bairro comercial converteu-se em palco de confrontos entre a polícia antidistúrbios e pequenos grupos de manifestantes radicais. Em frente aos numerosos shoppings e lojas fechadas, os manifestantes gritavam: “Apoiemos a Hong Kong, lutemos pela liberdade”.

“Três meses depois, nossas cinco reivindicações seguem sem atendimento. Temos que seguir nosso combate”, disse um manifestante com o rosto coberto. Também foram registrados atos mais reduzidos no bairro de Wanchai e em frente ao consulado britânico, bem como nas zonas de Sha Tin e Tsuen Wan.

Desde junho, Hong Kong vive sua pior crise política desde a devolução do território à China, em 1997, com ações quase diárias e confrontos violentos entre radicais e policiais. Desde o início das marchas, algumas das manifestações têm acabado com mobiliário urbano vandalizado, fogueiras e lançamento de coquetel molotov. Também são queimadas bandeiras da China.

Com informações de El País Brasil

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