Quando os cientistas apresentaram a primeira imagem de um buraco negro no ano passado, o feito foi saudado como um avanço extraordinário.
Agora eles reavaliaram alguns dos dados de imagem que foram adquiridos nos anos anteriores àquele momento histórico.
E isso nos dá algumas novas perspectivas sobre o objeto conhecido como M87*, que tem a massa descomunal de 6,5 bilhões de sóis.
Uma das revelações foi que o brilho do buraco negro oscila com o tempo.
Este é provavelmente o resultado de o M87* fragmentar e consumir a matéria próxima capturada pela atração feroz de sua gravidade.
A matéria, aquecida a bilhões de graus, se contorce e vira através de intensos campos magnéticos. E ao fazer isso, a região de brilho vista no anel de gás que circunda o buraco negro parece oscilar.
“O que vemos é o fluxo de matéria girando e finalmente mergulhando no horizonte de eventos, mas essa matéria, esse fluxo de plasma, de gás, é muito turbulento”, explica o Dr. Maciek Wielgus, astrônomo da Universidade Harvard.
“Nós esperamos essa turbulência. Há o que é chamado de instabilidade magneto-rotacional nesta turbulência. E, por essa razão, há alguma estocasticidade (aleatoriedade no comportamento); parece que bolhas de brilho se formam em locais diferentes”, disse ele à BBC News.
Observatório virtual
A imagem histórica do M87*, divulgada em abril de 2019, foi capturada pelo Event Horizon Telescope (EHT).
Este é um “observatório virtual”. Ele conecta uma série de oito receptores de rádio — do Polo Sul ao Havaí, às Américas e Europa — para imitar a resolução que você obteria com um único telescópio do tamanho da Terra.
Os astrônomos descrevem a resolução alcançada como 42 microssegundo de arco. Para o leigo, trata-se de uma definição de imagem que equivale a “poder assistir a um jogo de bilhar, ou snooker, na Lua, de poder seguir o movimento das bolas”, disse o dr. Wielgus.
E é disso que você precisa se quiser uma visão detalhada de um objeto — mesmo um tão grande quanto M87* — que está a 53 milhões de anos-luz (aproximadamente 500 milhões de trilhões de quilômetros) de distância.
O que vimos no ano passado em jornais, sites e reportagens de TV foi um objeto em forma de rosquinha — o disco de acreção, que é um anel de gás superaquecido girando em torno de uma região central escura onde se acredita que fica o buraco negro.
A imagem surgiu a partir de uma única semana de observações conjuntas pelo EHT em rede — seguido por um longo período de processamento e análise de computador.
Mas, é claro, para se chegar a esse momento, foram necessários muitos anos de preparação, de tentativa e erro, e com menos receptores de rádio do que na configuração EHT final.
E são os dados de todos esses testes, desde 2009, que o dr. Wielgus e seus colegas revisitaram e descreveram em um artigo publicado no The Astrophysical Journal.
O que eles fizeram, em suma, foi reavaliar esse material de arquivo com base em tudo o que aprenderam na produção da imagem final de 2019.
O que é um buraco negro?
- Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria colapsou sobre si mesma.
- A atração gravitacional é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.
- Os buracos negros surgem do desaparecimento explosivo de certas estrelas grandes.
- Mas alguns são realmente gigantescos e têm bilhões de vezes a massa do nosso sol.
- Não se sabe como esses “monstros”, que são encontrados no centro das galáxias, foram formados.
- Os buracos negros são detectados pela forma como influenciam seu ambiente.
Informações de BBC Brasil.