Ministério Público investiga se loja de Flávio Bolsonaro era usada para disfarçar dinheiro de ‘rachadinha’

Uma loja de chocolates do senador Flávio Bolsonaro, o primogênito do presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira como parte de uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que vasculhou endereços de familiares, amigos e ex-assessores do ex-deputado estadual. O escritório de contabilidade da loja também foi alvo de buscas. Os promotores não solicitaram buscas na residência de Flávio. No total, a operação cumpriu 24 mandados de busca e apreensão expedidos pela 27a. Vara Criminal do Rio de Janeiro.

A loja de Flávio é uma franquia da rede Kopenhagen localizada no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Promotores fizeram cruzamentos e levantamentos bancários para identificar se o local foi usado para disfarçar a origem ilícita de recursos desviados dos salários de funcionários da Assembleia Legislativa, no esquema conhecido como rachadinha, no período em que Flávio foi deputado estadual. Os promotores constataram com o levantamentos de dados bancários que a loja recebeu maiores valores de depósitos em espécie em períodos fora da Páscoa, feriado que concentra a maioria das vendas de chocolate da rede. Por isso, vão investigar a contabilidade, recibos e notas fiscais da loja para identificar se os valores depositados em espécie vieram, de fato, da venda de chocolates. Flávio Bolsonaro sempre negou qualquer irregularidade neste caso. A reportagem entrou em contato com o advogado dele, mas ainda não obteve resposta.

Endereços do ex-assessor Fabrício Queiroz, amigo da família Bolsonaro há décadas, e de seus familiares também foram alvos de buscas nesta quarta-feira. Ele é investigado sob suspeita de ter sido o operador responsável por receber e gerenciar parte dos salários de outros assessores e laranjas. Enquanto recebia depósitos de outros funcionários, Queiroz fez saques de 661.000 reais entre janeiro de 2016 e junho de 2018, em operações consideradas suspeitas de lavagem de dinheiro pelo antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), atual Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

O órgão também identificou que Queiroz movimentou 1,2 milhão de reais só em 2016, em saques e depósitos considerados suspeitos de lavagem de dinheiro. E que, em junho e julho de 2017, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos de 2.000 reais.

A investigação da atuação de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi reaberta há duas semanas depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que é lícito o uso em investigações de relatórios financeiros produzidos pela UIF e pela Receita Federal, sem que seja necessário autorização judicial para produção desses relatórios. Até a decisão, uma liminar do ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, tinha paralisado todas as investigações do tipo no país, desde julho, até que uma decisão do Plenário fosse tomada.

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