Em três horas, choveu na Grande São Paulo o equivalente a metade do que era previsto para todo o mês. Bombeiros receberam 546 solicitações de atendimento por enchentes e 88 por desabamentos.
A chuva que começou em São Paulo na tarde deste domingo e seguiu durante a segunda-feira paralisou a maior cidade brasileira. Os dois rios que cortam a capital—Tietê e Pinheiros— transbordaram, causando interdições nas duas marginais e um reflexo no trânsito em toda a cidade. Por volta de 12h, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) considerava 89 pontos de alagamento, 66 deles intransitáveis. Desde a meia-noite desta segunda, o Corpo de Bombeiros afirma ter registrado na Grande São Paulo 546 solicitações de atendimento referentes a enchentes, 88 a desabamentos e desmoronamentos e 97 a quedas de árvores. A circulação de ônibus e metrôs foi interrompida e o rodízio suspenso.
O principal entreposto de abastecimento da cidade, a Ceagesp, na zona oeste de São Paulo, parou de funcionar. As ruas do entorno da companhia alagaram completamente, impossibilitando a chegada de caminhões. Veículos ficaram ilhados e, alguns, acabaram inundados. Em Osasco, na região metropolitana a oeste da capital, houve um deslizamento de terra no Morro do Socó. Um menino de sete anos foi soterrado, mas foi socorrido com vida. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há alerta de chuvas intensas até terça-feira no Estado.
O Governo e a Prefeitura culparam a quantidade de chuva pelo caos da cidade e pediram para os paulistanos que pudessem não saírem de suas casas. “Não é o momento para deslocamentos”, afirmou Marcos Penido, Secretário Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente ao programa Bom Dia São Paulo, da TV Globo. “Houve uma chuva excessiva em um período muito curto. Em três horas choveu o equivalente a 50% do mês. Tudo que se espera para fevereiro choveu esta madrugada”, afirmou. Apesar do grande volume de chuva —o maior dos últimos 37 anos em um mês de fevereiro, segundo dados do Inmet—, o problema na cidade é crônico. Desde janeiro, famílias que vivem nas franjas da cidade sofrem com as graves inundações provocadas pela tempestade e a falta de uma urbanização adequada. Em 2009, famílias da zona leste vivenciaram uma enchente que durou três meses que deixou vários desabrigados.
São Paulo é o terceiro Estado a vivenciar um cenário de emergência neste ano por conta das chuvas no Brasil. No Espírito Santo, mais de 10.000 pessoas tiveram que deixar suas casas no mês passado. Minas Gerais viu sua região metropolitana ruir. A capital mineira registrou o dia mais chuvoso dos últimos 110 anos no final de janeiro e deixou ao longo do mês passado mais de 8.157 pessoas desabrigadas e outras 38.703 desalojadas.
Fonte: El Pais Brasil