Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro protestou em frente ao Museu Nacional e à Biblioteca Nacional em Brasília pela manhã deste domingo. Os manifestantes criticam a votação por urna eletrônica e pedem eleições por voto impresso.
O grupo também defende o jornalista Oswaldo Eustáquio, investigado no inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que apura o financiamento de manifestações com pautas antidemocráticas. Os manifestantes afirmam que o blogueiro bolsonarista é perseguido e uma pessoa “digna”.
Os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF) e Daniel Silveira (PSL-RJ) também participaram da manifestação.
Houve uma pequena confusão entre 2 grupos bolsonaristas participantes do ato. Eles estavam tentando, em cima de um dos trios elétricos, dirigir a fala aos manifestantes. “Estou falando um pouquinho para o pessoal que chegou aqui. Eles estão falando há uma hora“, disse Bia Kicis pelo microfone ao se referir ao outro trio elétrico. O manifestante que estava no outro trio elétrico, rebateu a deputada. “Eu peguei o microfone agora, preciso de 5 minutos“, disse.
A deputada Bia Kicis disse que o voto impresso é necessário para dar mais transparência ao sistema eleitoral. O manifestante, pelo microfone no outro trio elétrico, afirmou que “há um desrespeito há quem ajudou a construir a Constituição Federal” e que “existem projetos na Câmara dos Deputados que não vão levar a lugar nenhum“, sem se referir a quais projetos. Manifestantes chamaram ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de corruptos.
O deputado Daniel Siqueira, ao falar de cima do trio elétrico, disse que a contagem de votos deve ser realizada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), numa crítica à centralização no TSE, ocorrida neste ano. “A Justiça Eleitoral detém o monopólio da contagem, da fiscalização“, disse o deputado. “Tudo está na mão deles. Eles não representam o Brasil“, disse Siqueira. O deputado também defendeu a extinção do Justiça Eleitoral no país. “Ela não serve pra nada“, disse, sendo aplaudido.
Ao defender o voto impresso, Siqueira criticou as urnas eletrônicas e disse que não são seguras. “Tenho vários amigos de TI [Tecnologia da Informação] que comprovam isso“, afirmou, sem apresentar tais comprovações.
Os manifestantes fizeram o trajeto do Museu Nacional até a Praça dos Três Poderes, pela Esplanada.
O presidente Jair Bolsonaro, ao votar no 2º turno das eleições municipais em 2020 no Rio de Janeiro, criticou o sistema eleitoral brasileiro, afirmando que “está até na própria Constituição. A apuração tem que ser pública”.
Bolsonaro defendeu o voto impresso várias vezes. Disse em 5 de novembro que o Brasil precisa ter “um sistema eleitoral confiável em 2022”. “Nós temos, sim, já está bastante avançado, o estudo [para propor o voto impresso]. A gente espera, no ano que vem, entrar, mergulhar na Câmara e no Senado, para que a gente possa, realmente, ter 1 sistema eleitoral confiável em 2022″.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, também é um defensor do voto impresso. Em suas redes sociais, ele afirma que o processo seria mais “transparente”.
Em uma corrente no Twitter, em 6 de novembro de 2020, o filho do presidente afirmou que “voto impresso já é lei, porém o STF o decretou inconstitucional por violar o sigilo da votação” e explica como seria a votação com caso a urna imprimisse um comprovante do voto. “O eleitor votaria na urna e teria seu voto impresso na hora. Então, ele teria a chance de conferir se ambos batem”, explica.
O deputado também cita seu projeto de lei (PL 5163), em um vídeo em seu canal no YouTube, que obriga o TSE a realizar a contagem dos votos apenas quando o Tribunal receber todos os boletins das urnas. “Assim, quando começar a apuração, já se pode iniciar do zero, a contagem dos votos dando a devida publicidade”, explica Eduardo Bolsonaro, reiterando que assim a apuração será mais transparente.https://www.youtube.com/embed/x-sDTbRuUg0
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Roberto Barroso, é um crítico da volta do voto impresso nas eleições brasileiras. “Os resultados das eleições saem da própria urna imediatamente após o término da votação”, disse Barroso na quarta (17.nov). Em tom irônico, o ministro afirmou: “Para quem gosta de voto impresso, vamos passar a distribuir esse resultado que sai da urna”.
Os manifestantes também seguravam cartazes contra a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente. Também foram exibidos cartazes em apoio a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, na eleição presidencial de 2022 e a favor da anulação das eleições municipais.