No ano, alta acumulada já chega passa de 15%. Nas casas de câmbio, dólar é negociado a R$ 5,05.
O dólar opera em alta pela 12ª sessão consecutiva nesta quinta-feira (5), superando logo na abertura pela 1ª vez o patamar de R$ 4,60, em meio a expectativas de corte de juros devido aos riscos econômicos do coronavírus. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá em 17 e 18 de março para deliberar sobre a taxa de juros, que está em patamar mínimo recorde de 4,25% ao ano.
Às 11h54, a moeda norte-americana subia 1,11%, cotada a R$ 4,630. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,6335.
Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,8388 sem considerar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Nas casas de câmbio, o dólar já é negociado acima de R$ 5,05 na compra em cartão pré-pago.
No dia anterior, o dólar encerrou a sessão em alta de 1,51%, a R$ 4,5790, novo recorde nominal de fechamento (sem considerar a inflação), após a divulgação dos dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, que registrou alta de 1,1% em 2019, confirmando resultado mais fraco em 3 anos e desaceleração da economia brasileira no 4º trimestre. No ano, a alta acumulada já passa de 15%.
Em todo o mundo o foco seguia no surto de coronavírus em rápida expansão, que já atingiu cerca de 95 países, infectando mais de 95 mil pessoas, causando a morte de mais de 3 mil e ameaçando interromper as cadeias de suprimento mundiais.
“Todo esse movimento é global. Há uma apreciação do dólar geral”, disse Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullett Prebon, citando movimentos de aversão a risco em meio a incertezas sobre o futuro da doença. “Quando que uma vacina será descoberta? Quando aparecerá uma cura?”
Segundo muitos analistas, colaborando para esse movimento está a expectativa de corte de juros no Brasil, depois que vários bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, iniciaram movimentos de flexibilização monetária em defesa contra os riscos do coronavírus.
A redução sucessiva da Selic a mínimas históricas tornou alguns rendimentos baseados na taxa de juros brasileira menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que recentemente prejudicou o desempenho do real.
Intervenção do BC
Na tentativa de conter possível exagero no comportamento do câmbio, o Banco Central do Brasil anunciou para este pregão novo leilão de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, no valor de US$ 1 bilhão.
O BC já havia realizado nesta quinta-feira leilão em que vendeu 20 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimentos semelhantes.
Segundo Abucater, um cenário doméstico desfavorável — com a possibilidade de a conjuntura brasileira se sair pior do que seus pares ao final da crise sanitária mundial — é um dos motivos para as atuações recentes do Banco Central nos mercados, mas citou ineficiência.
“O próprio BC não tem tido atuações enérgicas mesmo tendo ferramentas para tal. Ele não quer queimar o cartucho, porque entende que esse é um movimento global.”
Por ora, os economistas avaliam que a economia deve crescer entre 1,5% e 2% neste ano.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o resultado do PIB ficou “dentro do previsto” e reafirmou que a estimativa é que a economia brasileira cresça 2% em 2020.
Questionado sobre o impacto do surto de coronavírus na China, principal parceria comercial do Brasil, Guedes admitiu eventuais prejuízos, mas ressaltou que o Brasil tem dinâmica própria de crescimento, que poderá ser acelerada com as reformas.
Informações de: G1