Após ensaiar uma queda no início da manhã, o dólar inverteu a tendência, passou a subir e ultrapassou a marca dos R$ 5,90 nesta quarta-feira (13). Às 11h44, o dólar comercial subia 0,96% e era cotado a R$ 5,922 na venda. Na véspera, o dólar havia subido a R$ 5,86, o valor mais alto de fechamento de sua história em termos nominais (sem considerar a inflação).
A moeda mudou a direção da tendência após a fala no fim da manhã de Jerome Powell, preside do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano. Powell afirmou que a economia do país deve enfrentar um “período prolongado” de crescimento fraco e prometeu usar mais o poder do Fed conforme necessário, além de fazer um pedido para mais gastos fiscais.
Por outro lado, o chairman afastou a possibilidade de novos cortes na taxa de juros do país, que está atualmente em zero. As taxas de juros negativas, disse ele, “não são algo que estamos considerando”.
“Tinha uma expectativa do mercado de que Powell poderia sinalizar juros negativos nos EUA depois que o (presidente norte-americano) Donald Trump renovou as pressões acerca do assunto ontem”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho. “A fala de Powell frustrou os investidores e fez com que os mercados virassem.”
“Aqui, o movimento é um pouco mais pronunciado por estarmos num ambiente político bastante turbulento”, completou, citando apreensão sobre a divulgação de vídeo de reunião ministerial que poderia comprometer o presidente Jair Bolsonaro.
No cenário doméstico, é consenso entre os investidores que o ruído na comunicação entre os poderes em Brasília e a disputa entre o presidente Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro podem afetar diretamente a evolução da economia nacional.
Na véspera, o mercado já reagiu às notícias sobre o conteúdo de vídeo de reunião ministerial durante a qual, segundo Moro, o presidente Bolsonaro teria dito que, se não pudesse trocar o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça.
Em tentativa de frear movimento exagerado no câmbio, o Banco Central anunciou para esta quarta-feira leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento para agosto e dezembro de 2020, em que vendeu o lote integral.
No exterior, pares emergentes do real, como peso mexicano, lira turca e rand sul-africano, operavam em alta contra a divisa norte-americana.
Informações de CNN Brasil.