Com o avanço do surto de coronavírus no Brasil, o governo do Distrito Federal decidiu suspender por ao menos cinco dias todas as aulas e atividades em escolas e universidades públicas e privadas, a realização de eventos públicos com mais de cem pessoas.
Bares e restaurantes no DF também passam a ser obrigados a dispor mesas a uma distância mínimo de dois metros — medida semelhante foi adotada na Itália, país sob quarentena com mais de 10 mil pessoas infectadas.
Apesar do cancelamento esparso de aulas e eventos públicos em alguns Estados brasileiros, não há ainda uma determinação do Ministério da Saúde para as suspensões de aulas ou para que eventos sejam cancelados.
As medidas do DF passaram a valer na noite desta quarta-feira (11) após decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) ser publicado em edição extra do Diário Oficial do DF — o prazo de cinco dias pode ser prorrogado.
Segundo o texto, “a situação demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da doença no Distrito Federal”.
Até o momento, o DF tem dois casos confirmados do novo coronavírus e quase cem suspeitos.
O primeiro paciente é uma mulher de 52 anos, cuja identidade não foi revelada, que está internada há uma semana na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital regional da Asa Norte e respira com ajuda de aparelhos.
De acordo com a secretaria de saúde do DF, a paciente já enfrentava outras doenças crônicas (não divulgadas), fator que a inseria no grupo de risco ligado à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
O segundo caso envolve o marido dela, que acompanhava o tratamento da esposa e também foi diagnosticado com a doença. A pasta da saúde do DF afirmou que ele está “bem, com quadro clínico de saúde estável e a indicação é que ele fique em isolamento domiciliar”.
Em portaria que foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (11), a secretaria de saúde do DF proibiu visitas nas unidades de internação e UTI a pacientes diagnosticados com a covid-19.
O casal esteve no Reino Unido e na Suíça em fevereiro.
Previsão de hospitais lotados
O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, afirmou que não há motivos para pânico e que nem todas as pessoas precisam procurar atendimento em hospitais.
Segundo o governo, a orientação para quem possui plano de saúde “é que procure algum hospital privado, tendo em vista que toda a rede particular possui estrutura suficiente para atender possíveis casos de coronavírus”. Pacientes sem convênio médico “devem buscar atendimento, primeiramente, na Unidade Básica de Saúde (UBS) da sua região”.
Até o momento, o governo federal considera que o vírus não está circulando no país, dado que a ampla maioria dos casos confirmados até agora está relacionada a pessoas que viajaram para o exterior.
Mas especialistas estimam que é questão de tempo até esse cenário mudar, e o surto se instalar no país.
“Vai chegar um momento em que não vamos fazer mais exames. Se você sabe que o vírus está circulando, isso passa a ser desnecessário. O exame não ajuda em nada porque não há uma medida especial a ser tomada. O que vai ser avaliado é apenas o grau de risco e de comprometimento do paciente”, explica Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo ele, em breve os hospitais ficarão lotados, com filas de horas. “Estamos preocupados com os idosos, que evoluem rapidamente para quadros mais graves. Por isso, vamos ter que criar uma estrutura de saúde um pouco mais ágil, aumentar os leitos de UTI de modo geral e centralizar o encaminhamento.”
Quais são as principais recomendações para se proteger?
Tanto o Serviço Nacional de Saúde (NHS) no Reino Unido quanto os Centros de Controle de Doenças (CDC) nos Estados Unidos reforçam que a melhor maneira de prevenir a doença é evitar a exposição ao vírus.
As duas entidades recomendam uma série de medidas preventivas, como cobrir a boca com um lenço de papel ao tossir ou espirrar e descartar a cobertura logo após o uso.
As agências de saúde também recomendam lavar as mãos com frequência usando água e sabão, especialmente depois de usar o banheiro, antes de comer e depois de assoar o nariz, tossir ou espirrar.
Essa lavagem das mãos deve durar pelo menos 20 segundos e o sabão deve cobrir as palmas, as costas das mãos, entre os dedos, incluindo o polegar, e suas extremidades.
O CDC diz para usar desinfetante para as mãos — como o álcool em gel — “quando água e sabão não estiverem disponíveis.” E acrescenta que lavar as mãos com água e sabão é a melhor maneira de se livrar de germes na maioria das situações, não apenas no caso da epidemia de novo coronavírus.
Informação de BBC Brasil.