Abraham Weintraub afirmou em comissão do Senado que grupos parlamentares, grupos econômicos e meios de comunicação teriam ‘espalhado terror’ sobre o exame.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta terça-feira (11) que grupos de parlamentares, mídia e grupos econômicos tentaram impedir e adotaram “linha extremamente terrorista” contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. Ele ainda acusou “militantes” de buscar provocar caos nas redes sociais.
Weintraub esteve no Senado atendendo a um convite. Sua passagem pela comissão foi marcada por protestos de entidades estudantis e questionamentos dos parlamentares sobre sua atuação no comando da pasta. No Enem 2019, erros na correção levaram a questionamentos judiciais e a atrasos no cronograma do Sisu.
“Desde o começo, alguns grupos parlamentares, alguns grupos econômicos e alguns meios de comunicação hegemônicos adotaram uma linha extremamente terrorista no processo”, acusou Weintraub.
O ministro disse ainda que identificou três tipos de pessoas se manifestando sobre o exame nas redes sociais: “militantes que se faziam passar por alunos e colocavam terror nas redes”, “pessoas que não estavam entendendo o processo do Sisu” e os “alunos que foram mal, mas disseram para os pais ‘eu fui mal e a culpa foi do Abraham'”.
O ministro disse que ele mesmo, por meio das redes sociais, identificou as inconsistências com o gabarito da prova. “O que houve? Eu, Abraham, Abrahamzinho, estava à noite depois que saiu o resultado e abri o meu Twitter. Eu interajo muito”, disse. “Eu detectei, eu que detectei, que havia uma inconsistência, tinha muita gente reclamando da correção do segundo dia de prova.”
Weintraub disse que imediatamente acionou o presidente do Inep, Alexandre Lopes. Segundo ele, a falha foi detectada antes da abertura do Sisu. A falha atingiu 5.100 estudantes e todas as 4 milhões de provas tiveram seus gabaritos revisados, segundo o ministro.
Judicialização do Enem
Fazendo um balanço do exame, Weintraub voltou a afirmar que a edição de 2019 foi, comparativamente, a com menos problemas e menos impacto. Segundo ele, a judicialização se tratou de uma resposta política.
“É inequívoco que no Brasil, ao longo dos últimos anos, houve judicialização das questões políticas. Desde o ano passado, houve a intenção de paralisar o processo. Desde o começo do ano passado fala-se que não vai ter Enem.”
Ele disse ainda que este é um problema que “pode acontecer”. “Eu diria que esse tipo de problema pode ter, sim, acontecido no passado”, disse.
O MEC está movendo um processo administrativo contra a gráfica, responsabilizada pelo erro. Um processo de licitação foi aberto para que uma nova gráfica seja contratada para o Enem de 2020.
O ministro foi criticado por um dos autores do pedido que o obrigou a prestar esclarecimentos ao Senado. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o ministro “ideologiza” sua atuação e “não trata a administração pública com o critério da impessoalidade”.
“A verdade é que ele aqui deixou de reconhecer todos os erros que tenham tido”, afirmou Randolfe Rodrigues.
Protesto de estudantes
No fim da audiência, representantes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e União Nacional dos Estudantes (UNE) protestaram. Houve um princípio de confusão entre gritos e palavras de ordem.
Os seguranças do Senado retiraram os representantes da entidades estudantis do plenário que gritavam: “educação tem que ser um ato de amor, ministro”, “saia pela porta da frente”, “você não respeita a educação”, “pede para sair, Weintraub” e “tem que ser punido pelo erro no Enem”.
Fonte: Portal G1