
O agravamento da crise hídrica, a pior dos últimos 91 anos, poderá fazer com que o Brasil tenha problemas de abastecimento de energia a partir do segundo semestre. Com a permanência de condições hidrológicas desfavoráveis, mesmo analistas que assumiam antes uma postura mais cautelosa em relação ao tema já começam a enxergar dificuldades no suprimento de energia nos horários de pico, o que poderia resultar em blecautes.
A avaliação é que, dependendo da situação futura dos reservatórios, pode não haver geração suficiente para atender os momentos de forte demanda do sistema elétrico.
A preocupação é crescente, embora não haja consenso entre os especialistas sobre qual cenário é o mais provável. O risco de racionamento rigoroso, como o de 2001, é visto como remoto pela maior parte dos analistas. O alerta de emergência hídrica emitido pelo governo federal na semana passada acendeu um sinal vermelho para a produção das usinas hidrelétricas, que representam mais de 60% da matriz elétrica nacional.
Com a geração hidrelétrica prejudicada, é possível que o suprimento de energia fique comprometido “na ponta”, isto é, no pico da demanda.
“Nesse período de uma ou duas horas, que temos que usar a potência das hidrelétricas, é possível que não tenhamos essa reserva”, afirma Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ. Com isso, vem o risco de “blecautes”: cortes seletivos do fornecimento de energia.