Dois cientistas britânicos anunciaram nessa quarta-feira (10) que detectaram vapor d’água escapando da atmosfera de Marte, uma nova pista que pode apoiar a tese de que o planeta vermelho já abrigou formas de vida.
É amplamente aceito que Marte possuiu, no passado, água abundante na forma líquida, assim como lagos e rios.
Hoje, toda a água do planeta está principalmente bloqueada em suas calotas ou no subsolo.
Mas, segundo um novo estudo publicado na revista Science Advances por dois pesquisadores britânicos da Open University, parte dessa água ainda evapora, na forma de hidrogênio que escapa da atmosfera marciana.
A descoberta foi feita graças a um pequeno aparelho denominado NOMAD – colocado a bordo da sonda ExoMars da Agência Espacial Europeia (ESA) e da russa Roscosmos – que mede a luz que passa pela atmosfera do planeta.
“O instrumento NOMAD está mudando fundamentalmente nossa compreensão da evolução da água em Marte”, comentou Manish Patel, co-autor do estudo.
De acordo com este conferencista em Ciências Planetárias, o instrumento “dá um conhecimento sem precedentes dos isótopos de água na atmosfera de Marte em função do tempo e de sua localização” no planeta.
Um “elemento crucial para entender como Marte perdeu sua água ao longo do tempo” e, portanto, como a sua “habitabilidade mudou ao longo da sua história”.
Sue Horne, chefe de exploração espacial da Agência Espacial Britânica, estimou que essas pesquisas constituem “um elemento-chave em nossa busca para desvendar os mistérios do planeta vermelho”.
“Entender o vapor d’água em Marte nos ajudará a responder à pergunta essencial: havia vida em Marte?”, acrescentou.
Este novo estudo é publicado numa semana carregada de notícias espaciais, especialmente sobre Marte.
Nessa quarta, a sonda chinesa Tianwen-1 entrou na órbita do planeta depois de ser lançada da China em julho passado, como parte do ambicioso programa espacial de Pequim.
Na terça-feira, a sonda “Hope” dos Emirados Árabes Unidos também entrou com sucesso na órbita de Marte, um marco histórico surpreendente por se tratar da primeira missão interplanetária do mundo árabe.