Em meio à pandemia do novo coronavírus, o número de casos de dengue segue crescendo no Brasil. De 2018 para 2019, o país já havia registrado um aumento de 488% no número de casos e, este ano, só nas primeiras 14 semanas, o país já registrou 525.381 casos prováveis de dengue e 181 mortes provocadas pela doença.
A informação sobre os casos registrados este ano foi divulgada no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, com informações até o dia 4 de abril.
O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde não traz comparação em relação ao mesmo período do ano passado, mas boletim da 12ª semana de 2019, registrava 273.193 diagnósticos da dengue e 80 óbitos. Comparado com esses números o aumento dos casos este ano chega a 129% e o número de mortes é 226% maior.
O boletim aponta que até a décima semana do ano o ritmo de crescimento de casos foi superior ao observado em 2019, sem explicitar quantos, e afirma que depois houve uma diminuição nas últimas quatro semanas, mas reconhece que a queda registrada pode ser em razão da subnotificação, uma vez que os dados ainda estão em processo de atualização.
“A distribuição dos casos prováveis de dengue no Brasil, por semana epidemiológica de início dos sintomas, demonstra que, até a SE [semana] 10, a curva epidêmica dos casos prováveis no ano corrente ultrapassa o número de casos do mesmo período para o ano de 2019. No entanto, a partir da SE 10, observa-se uma diminuição dos casos prováveis, mas vale destacar que os casos ainda estão em processo de atualização e digitação no Sinan Online e isto pode estar contribuindo para uma subnotificação nesse período”, diz o boletim.
Também foram registrados este ano 15.051 casos e três mortes por chicungunha, e 2.054 casos de zika. As duas doenças, assim como a dengue, são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
O Centro-Oeste é a região com maior incidência de casos (606,7 casos/100 mil habitantes), seguida das regiões Sul (589,9 casos/100 mil habitantes), Sudeste (226,9 casos/100 mil habitantes), Norte (76,6 casos/ 00 mil habitantes) e Nordeste (61,4 casos/100 mil habitantes). Neste cenário, destacam-se os estados do Acre, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Distrito Federal e Goiás com incidências acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
O infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Evaldo Stanislau, explica que este aumento do número de casos de dengue pode ter até três causas e que elas podem ser concomitantes.
“Você tem primeiro uma sazonalidade normal, um período de aumento da dengue depois de alguns anos mais calmos, o aumento a partir de pessoas não expostas em áreas onde você já teve dengue anteriormente e a terceira hipótese é que, em lugares pontuais, tenham relaxado o controle do vetor. Estas três alternativas são possíveis e talvez, mais provavelmente, sejam as três juntas que expliquem esse aumento de casos”, descreve ele.
Dengue e covid-19
Embora para o especialista a dengue não tenha relação direta com o novo coronavírus, a existência de duas epidemias em paralelo, uma por vetor, no caso da dengue e a outra por transmissão pelo ar, a covid-19, em um mesmo momento é “extremamente preocupante”, visto que o quadro clínico inicial das doenças é semelhante e pode dificultar ainda mais o diagnóstico e o tratamento adequado.
Informações de Brasil de Fato.