Brasil tem 1º caso de reinfecção com mutação do vírus

Cientistas identificaram em uma mulher de Salvador, o primeiro caso de reinfecção no Brasil com uma mutação do coronavírus encontrada inicialmente na África do Sul. A linhagem brasileira e a sul-africana são diferentes, mas compartilham a mutação E484K. A descoberta já foi comunicada ao Ministério da Saúde e às autoridades de saúde da Bahia.

O caso que permitiu a identificação da mutação no Brasil é o de uma executiva da área de saúde de 45 anos. Ela contraiu Covid-19 duas vezes: em junho e outubro de 2020, em ambas as ocasiões com a infecção pelo Sars-CoV-2 comprovada por testes de RT-PCR.

A primeira infecção foi mais branda do que a segunda, embora em nenhuma das duas ela tenha precisado de internação. A reinfecção foi comprovada por meio de sequenciamento genético.

Por meio de análise genética, os pesquisadores constataram que os vírus do primeiro episódio eram substancialmente diferentes dos do segundo, indicando linhagens distintas. Em junho, foi a linhagem B.1.1.33 a causa de Covid-19. Já na segunda ocasião, a doença foi provocada pela variante B.1.1.248.

Essa mutação pode tornar o vírus mais transmissível e afeta também a região do Sars-Cov-2 que é alvo da maioria das vacinas.

A mutação do coronavírus

A mutação identificada altera o chamado RDB, o ponto em que o Sars-CoV-2 se liga às células humanas. O RDB é a região mais crítica da proteína mais importante do coronavírus, a espícula ou S, alvo da maioria das vacinas e dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo sistema imunológico. Como é o ponto de ligação entre o vírus e as células, o RDB é atacado pelos anticorpos.

Porém, a mutação confere ao vírus o que os cientistas chamam de mecanismo de escape: as mudanças genéticas fazem com que os anticorpos percam a especificidade contra o RDB porque ele já não é mais o mesmo. Assim, os anticorpos perdem a capacidade de agir contra o vírus. Com isso, o Sars-CoV-2 pode “escapar” e infectar uma pessoa com mais sucesso.

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