Depois de ser convocada pelo governo iraniano a dar explicações sobre nota do Itamaraty em “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”, a diplomata Maria Cristina Lopes disse às autoridades iranianas que a posição do governo do presidente Jair Bolsonaro não deve ser entendida como uma manifestação contra o país do Oriente Médio.
A nota do governo foi publicada na última sexta-feira (3), mesmo dia do ataque dos Estados Unidos que resultou na morte do comandante da Força Quds do Irã, o general Qasem Soleimani.
Na nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo” e afirma que “atos terroristas” não podem ser relativizados. O posicionamento seguiu a mesma linha dos EUA, que acusam o general iraniano de planejar “atos terroristas”.
Orientada pelo Itamaraty, Maria Cristina apresentou as justificativas do governo brasileiro. Além de dizer que a nota não era uma condenação contra o Irã, a diplomata disse que as relações entre os 2 países são amplas e que não podem ser reduzidas ao tema abordado no comunicado.
Ela reiterou os argumentos usados pelo governo Bolsonaro, de que o terrorismo não é 1 problema exclusivo do Oriente Médio. Também foi citado o argumento de que o Brasil está preocupado com a expansão do terrorismo em outras partes do mundo, inclusive na Venezuela.
Mais cedo, na portaria do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que o comércio entre o Brasil e o Irã continuará o mesmo.
“Me reservo ao direito de estadista de não discutir este assunto”, falou sobre o conflito entre o país norte-americano e o iraniano. “Tem certas coisas que eu não posso falar. Quando a Dilma [Rousseff] aqui não aceitou as credenciais do embaixador de Israel, eu não vi nada na imprensa. Quero saber uma coisa: o Irã adotou alguma medida contra nós? Eu acho que não.” Disse o presidente.