Cervejas e salgados costumavam atrair gente nos bares que permeiam a estação de metrô Santa Cecília, no centro de São Paulo, logo cedo. Em segundas-feiras quentes que antecederam a pandemia do novo coronavírus, as mesas de plástico na calçada eram preenchidas antes das sete da noite. Nesta segunda (6), primeiro dia de reabertura em São Paulo, entretanto, nem 10 pessoas bebericavam por ali no fim do dia. Sentado em um caixote em frente a um dos bares que atendem quem passa pelo Largo de Santa Cecília, um funcionário, que prefere não se identificar, conta que, como o decreto não permite mesas na calçada, os donos têm disponibilizado caixas para que as pessoas apoiem seus drinques. “São 17h10, nossa, preciso colocar as mesas aqui em frente para ninguém mais entrar”, diz.
“Hoje foi o primeiro dia, mas a gente não é restaurante, não serve almoço, então de nada adianta poder abrir das 11h às 17h. Você já veio aqui? Isso aqui lota de noite… Agora, nada. Quase não teve movimento hoje e, enquanto a gente não puder colocar as mesas na calçada nem abrir até mais tarde, [o espaço] vai continuar às moscas”. A mesma cena foi observada nos entornos do terminal Bandeira, também no centro de São Paulo. Poucos bares permaneciam abertos depois das 17h e, nesses poucos, havia quase nenhum movimento. O gerente de um dos estabelecimentos da rede Jhonys —são cinco na Vila Buarque—, confirma a baixa adesão dos clientes: dos cinco, apenas um deles abriu, por ter um salão maior e conseguir respeitar os limites de distanciamento. “Os outros quatro funcionam com as mesas na calçada, que estão proibidas. Então, só essa unidade abriu. Ainda assim, deu para contar na mão o número de clientes que apareceram aqui hoje. As pessoas ainda estão com medo, sabia? Elas param aqui em frente, olham, olham e vão embora. Vai demorar para as coisas se ajeitarem”, diz. Bairro boêmio de SP às moscas Conhecido pela boemia de segunda a segunda, o bairro da Vila Madalena, na zona oeste da capital, estava às moscas nesta tarde. Grandes e tradicionais bares foram encontrados às portas fechadas no primeiro dia de reabertura em São Paulo. “Muitos bares vizinhos preferiram deixar para reabrir no fim da semana, a partir de quinta-feira, porque o movimento aos dias de semana acontece durante a noite, e a gente não pode ficar aberto após as 17h”, afirma. Ao entrar no estabelecimento, um funcionário mede a temperatura dos clientes. A distância entre as mesas é superior a dois metros e, em cada uma delas, há um frasco de álcool em gel. Segundo Matias, todas as medidas de segurança foram estudadas desde o primeiro dia de quarentena. No canto de cada mesa, existe um QR Code, para que os clientes acessem o cardápio do celular se não se sentirem à vontade para manusear o menu físico. A cada cliente, o gerente explica, o cardápio é higienizado, assim como as mesas e cadeiras. “Nós, funcionários, higienizamos as mãos e passamos álcool em gel a cada meia hora. Minha mão está até branca”, ri.