Médicos que cuidam das vítimas da erupção do vulcão White Island da Nova Zelândia estão importando pele para tratar os queimados.
A medida é parte dos intensos esforços para ajudar os feridos na tragédia que deixou ao menos seis mortos.
Conhecido como Whakaari ou White Island, o vulcão é um dos mais ativos do país e fica numa ilha particular que funciona como um tradicional ponto turístico. A erupção começou às 14h11 de segunda-feira do horário local (ou 22h11 do domingo no horário de Brasília).
Pacientes em situação crítica
As autoridades médicas da Nova Zelândia dizem que atualmente cuidam de 29 pacientes em unidades de terapia intensiva em quatro hospitais em Middlemore, Waikato, Hutt Valley e Christchurch.
Vinte e dois estão em uma condição crítica por causa da gravidade de suas queimaduras.
Um paciente australiano está sendo transportado para casa por ambulância aérea, e outros também serão nas próximas 24 a 48 horas, para que possam ser atendidos mais perto de suas famílias.
Quando alguém tem uma lesão por queimadura, a pele é usada como um “gesso natural” para ajudar na cicatrização. Ajuda a parar infecções e reduz cicatrizes e dor.
Os médicos costumam retirar a pele de outra parte do corpo, como a coxa ou atrás da orelha, mas pele doada pode ser usada se isso não for possível.
A pele é doada após a morte, como outros órgãos, e pode ficar guardada por vários anos.
Unidades de saúde que lidam com queimaduras mantêm um banco de pele – o suficiente para lidar com as necessidades normais de seus pacientes.
A mídia local relatou que apenas de cinco a dez pessoas doam pele na Nova Zelândia a cada ano.
Mas a erupção vulcânica é uma situação extrema.
E como cada adulto tem cerca de dois metros quadrados de pele, os médicos solicitaram 120 metros quadrados de pele nos EUA, onde há mais bancos de pele.
Um enxerto de pele inicial normalmente dura algumas semanas. A ideia é que o corpo possa começar a se reparar logo, mas geralmente é necessário substituir enxertos.
‘Processo longo’
Segundo o médico Pete Watson, diretor da Unidade Nacional de Queimaduras da Nova Zelândia, ainda há estoque, mas perspectiva é de que o reforço será necessário em breve. “Estamos fornecendo urgentemente suprimentos adicionais para atender à demanda por curativos e enxertos de pele temporários. Prevemos que precisaremos de 1,2 milhão de centímetros quadrados adicionais de pele.”
Watson disse que as queimaduras são mais complexas devido aos gases e produtos químicos envolvidos.
“Isso exigiu um tratamento cirúrgico mais rápido dessas queimaduras do que é comum em queimaduras térmicas”, disse ele.
“Este é apenas o começo de um processo muito longo que, para alguns pacientes, pode durar vários meses.”
A prioridade em casos de queimaduras graves, segundo Jorge Leon-Villapalos, cirurgião plástico especialista em queimaduras no Chelsea e Westminster Hospital, em Londres, é estabilizar o paciente e lidar com outras lesões traumáticas, como membros quebrados, bem como lesões por inalação.
“O período de tratamento agudo é apenas uma pequena parte”, disse ele.
“Definimos o tratamento das queimaduras não como uma corrida de 100 metros, mas como uma maratona. Pacientes com queimaduras graves são pacientes para toda a vida.”