Já parou para pensar que muitas das nossas ideias de futuro já são… passado? O filme Blade Runner, por exemplo, mostrava uma sociedade distópica do ano de 2019 cheia de robôs humanoides e carros voadores. Parecemos estar longe daquela realidade, com exceção dos carros voadores. Nos próximos anos, cerca de 20 pequenos veículos aéreos pessoais devem chegar ao mercado. Mas será que você poderá ter um na sua garagem?
Recentemente a startup japonesa SkyDrive anunciou o projeto SD-XX, uma aeronave para duas pessoas com o tamanho aproximado de um carro. Com 1,5 m de altura, 4 m de comprimento e 3,5 m de largura, é o menor “veículo pessoal voador” do mundo. E estima que até 2023 estará funcionando.
A Airbus e a Boeing estão desenvolvendo grandes projetos, mas há diversas empresas menores com propostas agressivas. A Volocopter, da Alemanha, deve começar testes com um táxi voador ainda este ano em Cingapura. No momento, são 19 projetos de veículos aéreos pessoais em desenvolvimento por diferentes empresas e em diferentes países.
É carro ou avião?
Mas é preciso esclarecer que nem todos os modelos em teste pelo mundo são exatamente carros voadores, no estilo Blade Runner. Alguns, como o Aeromobil e o Terrafugia Transition, podem ser dirigidos numa estrada, mas a maioria são “veículos pessoais voadores” —fazem mais o tipo daqueles vistos no desenho dos Jetsons.
Também não são helicópteros. A maioria tem asas fixas com motores, como um pequeno avião. Eles apontam para cima, para pouso e decolagens verticais, e viram para frente durante o voo. Essa tecnologia é chamada VTOL (Vertical Take-off and Landing).
Outros se parecem mais com um drone, com quatro a 18 rotores que os mantêm no ar. Em todos os casos, são teoricamente muito mais seguros e silenciosos do que um helicóptero —principalmente, porque usam propulsão elétrica.
Ficou com vontade de encomendar o seu carro voador? Infelizmente, você tem poucas chances: hoje é necessário ser um piloto certificado —ou contratar um— para poder voar. A maioria desses veículos deve ser adquirida por empresas de transporte compartilhado para voar em rotas definidas. E uma parcela deve cair nas mãos de milionários, é claro.
Por que há tantos projetos?
Materiais mais leves, melhores sistemas de comunicação e navegação, tecnologias de direção autônoma (o que será essencial em um futuro com muitos veículos no ar) desenvolvidos na última década estão entre os fatores para o boom de lançamentos nos próximos anos.
Uma peça-chave são as baterias de lítio, mais compactas e eficientes, que permitam autonomia de voo. Ainda estamos longe da densidade de energia ideal – e esse é um dos principais motivos para nenhum projeto comercial ter decolado ainda.
Neste primeiro momento, os pequenos carros voadores devem operar apenas em curtas distâncias fixas, onde o trânsito rodoviário esteja sobrecarregado e haja demanda por transporte rápido (e mais caro). Por exemplo, em São Paulo, o serviço pode ser útil entre os aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos. Para isso, são necessárias bases de recarga e substituição de baterias nos locais de pouso/decolagem.
Nesse modelo, as viagens podem não ser tão caras como a gente imagina. Como têm asas, os carros voadores têm mais eficiência energética que um helicóptero: os motores são usados para empurrá-los para frente, e não para mantê-los no ar. O gasto de energia de um VTOL elétrico seria comparável ao de um carro elétrico.
Um dos entraves do custo é a necessidade de um piloto treinado. Mas divida o valor entre umas cinco pessoas em uma mesma viagem e não devemos chegar a um preço absurdo. No futuro, com a direção autônoma, as viagens devem ficar bem mais baratas.
E isso também não está tão distante. Desenvolver o algoritmo para a direção autônoma de um pequeno veículo voador é, em tese, mais fácil do que o de um carro. No céu, os obstáculos a se preocupar seriam os outros veículos voadores.
Será necessário estabelecer regulações de tráfego aéreo nas cidades, estados e países. Se tudo caminhar como apontam as pesquisas, até 2025 os “carros voadores” já serão comuns na paisagem e nos céus das metrópoles.
Informações de UOL.